O que é

Origens do plastimodelismo

Durante boa parte desta história, os homens procuraram representar, de alguma maneira, seus objetos e máquinas em tamanho menor que o natural, fosse pela necessidade de transmitir informações para as futuras gerações, fosse para possuir um exemplar que os lembrasse do objeto quando distantes ou, ainda, como uma réplica que permitisse a reconstrução do original em caso de avaria. Adicionalmente, em certas áreas, como na Engenharia, por exemplo, a construção de objetos em tamanho menor que os reais vem permitindo a avaliação de diversas características de funcionamento dos objetos a serem construídos ou aperfeiçoados.

As primeiras manifestações da construção de réplicas em tamanho menor que o objeto representado remontam à era do início da navegação comercial. A partir do Século 16, passaram a ser freqüentes as construções de réplicas de navios no interior de garrafas.

Ao final do Século 19 e início do Século 20 começaram a aparecer réplicas operacionais de trens confeccionadas em metal e acionadas por energia elétrica (então, ainda uma novidade) que representam o início do Ferreomodelismo.

Desde os primórdios da Aviação, a construção de réplicas de aviões auxiliou o desenvolvimento tanto das características de projeto das aeronaves como o senso de controle dos pilotos. O hobby Aeromodelismo tem origem neste período, sendo que acabou sendo matéria em cursos destinados à formação de pilotos na Alemanha e outros Países no intervalo entre as duas Grandes Guerras.

Os primórdios do Plastimodelismo situam-se na 2ª Grande Guerra, quando houve maior desenvolvimento dos materiais plásticos, sendo que o primeiro deles a ter sua industrialização, o baquelite, foi utilizado para a confecção de modelos de equipamentos militares para utilização sobre mapas e representações de cenários de combate, indicando o tipo de equipamento e o posicionamento das forças amigas e inimigas envolvidas. Estas miniaturas, fabricadas quase sempre pela injeção do plástico como peça monolítica, sem grandes detalhes, continuaram a ser injetadas após a Guerra, transformando-se em brinquedos.

O desenvolvimento de novos materiais poliméricos (plásticos), que permitiram maior grau de detalhamento das superfícies injetadas, associado à idéia do desmembramento da peça injetada em várias partes a serem unidas (como se fosse um quebra-cabeças) acabou gerando uma nova atividade de lazer cultural, o plastimodelismo.

Inicialmente, a qualidade das matrizes utilizadas para a injeção do plástico não era boa, parte pelos processos manuais de usinagem empregados então, parte pela falta de realismo das superfícies e linhas de painéis, característicos dos primeiros kits plásticos a aparecerem no mercado. Nessa época, o público-alvo era o infanto-juvenil, o que até se justificava, devido ao seu aspecto de brinquedos.

O público adulto logo percebeu a importância deste tipo de brinquedo, transformando-o em um fascinante hobby, que proporciona longos períodos de distração, terapia, pesquisa, preservação histórica, arte e coleção.

O desenvolvimento deste hobby aparece, então, para a sociedade como uma atividade cultural e artística, não envolvendo credos, filosofias ou ideologias de qualquer natureza. Adicionalmente, pode ser avaliado por critérios relativamente objetivos e, consequentemente, adquirir caráter competitivo.

 

O plastimodelismo no Brasil

O Plastimodelismo apareceu no Brasil por volta de 1950, trazido por uma indústria de artefatos plásticos sediada no Rio de Janeiro, conhecida como A. Kikoler, que detinha as representações de algumas indústrias americanas como a Revell, MPC, IMC e outras, para injetar seus modelos plásticos mediante contratos de locação de moldes. No desenvolvimento das suas atividades, essa empresa, além da linha de produtos próprios, injetou kits da Heller, Airfix e Monogram. As empresas ATMA e TROL também participaram do processo de implantação e difusão do Plastimodelismo no país.

 

Neste período, as grandes lojas de modelismo e magazines ofereciam, além dos kits nacionais, kits importados de várias marcas – estes de melhor qualidade que os produzidos no Brasil – provenientes de diversos países. Entretanto, a partir da década de 60, a importação regular passou a ser cada vez mais restrita, e em virtude da escassez, os preços dos kits importados subiram de forma astronômica.

Nesse período, a oferta de kits de injeção nacional manteve-se numa base irregular. Ora o mercado era inundado por diversos kits, ora havia falta de produtos nas lojas.

Na década de 80, a Tamiya, reconhecida mundialmente como uma das maiores fábricas de modelos plásticos do Japão instalou uma unidade industrial no Brasil. Sua linha de injeção, contou com cerca de uma vintena de modelos, em escalas variadas, incluindo Carros de Fórmula 1, aviões, militaria e motos. No final da década, a A. Kikoler encerrou suas atividades.

O início da década de 90 foi marcado pela abertura de mercados, de modo que a indústria nacional não conseguiu competir com os preços baixos e a boa qualidade dos produtos importados. Mesmo assim, a marca MASTERKIT lançou cerca de uma dezena de kits no mercado, parte deles com qualidade boa (particularmente os aviões), porém saiu do mercado em 1994, sem deixar vestígios. Nesse mesmo ano, a Manufatura de Brinquedos Estrela passou a comercializar modelos da Revell alemã no mercado interno.

O lado mais positivo da reabertura das importações foi à criação de uma quantidade significativa de lojas especializadas em Plastimodelismo, em todo o Brasil. Assim, a partir do início da década de 90, tornou-se possível adquirir kits, materiais e ferramentas indispensáveis ao hobby de maneira mais simples, em lojas especializadas, nos magazines, e até nos supermercados. Além disso, as facilidades dos processos para aquisição de mercadorias no exterior, mediante pagamento por ordem postal ou cartões de crédito, vieram favorecer ainda mais o acesso dos plastimodelistas aos materiais, ferramentas e modelos disponíveis.

Nos anos 2000, ocorreram ajustes, tanto no cenário interno, quanto no externo, que aumentaram a oferta de kits, materiais, ferramentas e acessórios para o consumidor brasileiro, com a chegada de produtos de novos fabricantes, além de se poder achar preços acessíveis para várias faixas de pode aquisitivo.

Essa dinâmica favoreceu não só o desenvolvimento e a consolidação do hobby em nosso País, mas também, e principalmente, representou a criação de uma nova atividade aos mais jovens, que nunca tiveram oportunidade de conhecer o plastimodelismo.

Hoje, já é comum a integração entre os plastimodelistas mais antigos e os mais novos, muito embora seja visível que a diferença média das idades, é equivalente ao período em que as importações permaneceram restritas.

Conceitos Essenciais

Plastimodelismo é uma atividade de lazer, que alia aspectos artísticos e históricos, e que pode ser praticada por pessoas de quaisquer idades. Consiste na montagem de miniaturas realizadas predominantemente em material plástico, de objetos, de artefatos, de seres vivos da natureza ou personagens de importância sócio-histórico-cultural.

Permite que cada praticante realize seus modelos com o grau de detalhamento e reprodução de pormenores que seja de seu agrado, indo desde a montagem da miniatura tal qual sugerido nas instruções do fabricante, até um alto nível de detalhamento com a substituição de partes por outras feitas pelo próprio plastimodelista ou adquiridas na forma de acessórios.

Sua prática não demanda grandes espaços e, do ponto-de-vista da sociedade, é considerada uma forma sadia de lazer, envolvendo a realização de algum tipo de pesquisa e estudo para a busca de informações sobre os modelos que serão construídos pelo plastimodelista.

CATEGORIAS e ESCALAS: no Plastimodelismo, a relação entre categorias e escalas é de suma importância. Especialmente para os efeitos de divisão de temas, nas exposições e concursos.

CATEGORIA: é relação do modelo com o assunto retratado: aviação, militaria, navegação marítima, veículos automotores, ficção científica, figuras, e miscelânea.

ESCALA: é a relação entre as dimensões da réplica e do objeto real. Como as dimensões de um objeto podem ser avaliadas em termos de Comprimento, Área e Volume, poderíamos adotar três ESCALAS distintas:

LINEAR: baseada na relação entre as dimensões lineares da réplica e do objeto;

SUPERFICIAL: baseada na relação entre as áreas de superfície da réplica e do objeto e

VOLUMÉTRICA: baseada na relação entre os volumes da réplica e do objeto.

A ESCALA adotada em Plastimodelismo e outros hobbies é a LINEAR e representa a relação entre os comprimentos, larguras e alturas dos modelos em relação aos objetos representados.

A primeira escala a ser considerada é a 1/72, com origem nas unidades de medida inglesas, que representa a relação de 1 polegada (2,54 cm) de dimensão do modelo para cada 6 pés (1 pé ou ft equivale a 12 polegadas) do objeto real. Originariamente esta escala foi um compromisso entre o tamanho das réplicas ou modelos que permitisse sua rápida identificação visual e o espaço disponível para sua colocação em mapas e outras superfícies representativas de cada cenário de operações, durante a Segunda Grande Guerra.

Seguindo esse compromisso, existem as escalas 1/144, 1/48, 1/32, 1/24, 1/12 e 1/6, que representam uma relação de 1 polegada por certo número de pés, na medida efetiva do objeto real.

Por outro lado, as principais escalas baseadas no sistema métrico são: 1/25, 1/35, 1/50, 1/100, 1/125, 1/200, 1/350, 1/700 e 1/2000.

Além dessas escalas, há várias menos usuais em Plastimodelismo, tais como: 1/43, 1/60, 1/64, 1/76, 1/96 e outras não adotadas como padrões. Há, ainda, uma série de escalas aplicadas principalmente em Ferreomodelismo: 1/22,5; 1/43; 1/87 (HO), 1/160 (N), 1/220 (Z).

Portanto, a relação entre as ESCALAS e as CATEGORIAS revela a infinidade de temas que podem ser retratados pelo plastimodelismo.

BUSCA DA PERFEIÇÃO: Para a construção de uma réplica, o plastimodelista realiza uma pesquisa sobre o objeto que pretende construir, consultando livros, fotografias, desenhos e diagramas. Em seguida, inicia o trabalho de montagem propriamente dito, seguindo um planejamento de montagem, acabamento e pintura que venham resultar em um bom modelo em escala.

Para se obter os efeitos de desgaste sobre a réplica, são utilizadas técnicas de envelhecimento que possibilitam a simulação de uso normal do objeto. No caso de figuras, por exemplo, os efeitos de sombreamento são fundamentais para se obter realismo na réplica.

O trabalho continuado com o hobby e a busca do auto-aperfeiçoamento levam a progressos cada vez maiores na qualidade das réplicas. Consequentemente, o trabalho realizado por um plastimodelista reflete o nível técnico de seu autor naquele momento, bem como, é indicador de seu potencial de desenvolvimento.

À medida que o plastimodelista se aperfeiçoa, a pesquisa sobre a fidelidade do kit a ser transformado numa réplica em escala, o encaminha para uma busca cada vez maior da perfeição, que pode implicar em complementações, modificações ou, até mesmo, reconstrução total do kit básico.

Esta busca da perfeição acaba, ainda, se traduzindo na pesquisa das cores para a pintura de um modelo e de suas alterações devidas ao desgaste, distância e condição de observação, exposição a intempéries, o que pode ser feito com o auxílio de documentação conveniente.

Outrossim, a busca da perfeição deve ser gradativa, para não descaracterizar o aspecto de lazer, pois o hobby, antes de tudo, é uma atividade agradável ao seu praticante.

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