Airacobras para a vitória!

Por Guilherme Castro

O Bell P-39 Airacobra, era o principal avião de caça norte-americano em serviço, quando os EUA entraram oficialmente na 2ª Guerra Mundial em dezembro de 1941.

Seu nascimento deveu-se a solicitação do United States Army Air Corps (USAAC, Corpo Aéreo do Exército Americano) de 1937, que originou a Proposal X609. Foi um pioneiro em sua época, por ter um trem de pouso triciclo e um motor instalado no centro da fuselagem, atrás do cockpit do piloto. Era pesadamente armado com um canhão Oldsmobile T9 de 37mm, podendo, também, ser equipado com metralhadoras Browning calibre .30 e .50 do nariz e nas asas.

Devido ao seu peso e posição do motor, a manobrabilidade do P-39 não era tão boa quanto a de seus oponentes, como os Messerschmitt Me-109 na Europa e os A6M Zero e Ki-43 Oscar no Pacífico.

Mas em médias e baixas altitudes e na função de ataque ao solo, era um adversário de respeito. Mesmo com o seu projeto inovador, este injustiçado combatente, teve a sua vida operacional maculada pela ausência de um turbo compressor eficiente, que o relegou a segundo plano dentre os grandes aviões de combate. Prestou serviço para a França, Royal Air Force (Força Aérea do Reino Unido), USAAC e pela Rússia, que foi o seu maior usuário. Pelo menos um P-39 “ cansado de guerra” veio parar no Brasil, não sendo incorporado a Força Aérea Brasileira, mas servindo de peça de estudos para os alunos da Escola técnica de Aviação, sediada na época em São Paulo. Seu destino é desconhecido.

O Bell P-39 da Monogram, 1/48

 

Sempre tive uma queda especial pelo P-39. Talvez por seu desenho aerodinâmico ou por ter tido a oportunidade de achar em um pacote, próximo ao lixo de um vizinho, um lote de exemplares da Revista Seleções, da época da Guerra, onde nas ultimas páginas eram destinadas a propaganda e anúncios, com belíssimos trabalhos de arte, mostrando as industrias no esforço de guerra, tais como a Bendix, Kodak, Boeing, Zenith , Ford e as virtudes do caça da Bell, sempre encerrando com a frase “AIRACOBRAS PARA A VITÓRIA, AVIÕES PARA A PAZ FUTURA”. Ou também, por ter montado no início dos anos de 60 um P-39 da Revell, onde o piloto sorrindo e o mecânico que ficava perto da porta aberta, foi tudo o que sobrou do kit, que guardo com carinho até hoje. Mas, chega de nostalgia!

Há uns 10 anos comprei o kit da Monogram do Airacobra na escala 1/48. Lembro que paguei muito barato, pois não tinha caixa, decais e instruções. Deixei de lado por ser em alto relevo (não que isso me intimidasse) e por estarem todas as peças destacadas das árvores. Mas nos feriados de carnaval desse ano, resolvi iniciar a montagem do kit. Dias antes, obtive cópia do manual de instruções pela Internet, que após a conferência, verifiquei que todas as 65 peças moldadas em Olive Green e as cinco transparências estavam completas.

Comecei rebaixando quase a totalidade dos relevos e usando uma broca 0,1mm, fiz rebites, para dar uma aparência melhor ao conjunto. Depois foi só lixar tudo e iniciar a montagem do interior, que é muito bom e detalhado, mesmo para um molde de 40 anos, como é o caso. O cockpit e o interior do nariz, abrigo do canhão, interior dos porões de rodas, portas protetoras e hastes de trens de pouso foram pintados de Interior Green e demais cores apropriadas. Mas, o maior problema, foi a colocação de peso na parte frontal, para que depois de montado, o kit ficasse na posição correta de “3 pontos”. Coladas as partes da fuselagem, dei início a finalização de trabalho de montagem das asas.

Depois de nivelar as imperfeições, fiz a montagem do conjunto “ asas-fuselagem”, que tem como único problema, o desnível de encaixe, que foi solucionado com massa plástica e muita lixa, para deixar sem emenda aparente. Depois de mascarar as partes transparentes com fita apropriada, passei uma mão de “primer” para ver as imperfeições de montagem. Estava, realmente propenso em fazer uma pintura soviética, que tão bem usou o Airacobra, mas dentre o vasto material de pesquisa obtido, optei em fazer a pintura utilizada por alguns P-400 (versão de exportação do P-39) que foram enviados ao Pacífico com o 35Th. Fighter Group, estacionado na Nova Guiné. Depois de cobrir as linhas de painéis com uma camada de tinta preta (pré sombreamento), pintei a parte inferior, portas de trens de pouso e tanque de combustível na cor Neutral Gray.

Aguardei a secagem por algumas horas, sendo que só depois de, isolei a parte já pintada com fita adesiva apropriada e apliquei na parte superior a cor Dark Earth da Mr. Color, referência nº 22. Novamente, usei fita para isolar a parte a ser mantida e utilizei a cor Dark Green nº 330 da Mr. Color, para completar a camuflagem. Posteriormente, foi só remover todo o mascaramento, passar uma mão de verniz semi brilhante e aguardar algumas horas. O próximo passo foi fazer , com o auxílio de tinta à base d’água Vallejo da cor preta, o que chamamos de “wash”, ou seja, fazer uma diluição bem rala e aplicar em todo o modelo, retirando o excesso com lenço de papel, para dar uma aparência de “uso” ao modelo, como se fosse o avião real, exposto às intempéries e duras condições do Pacífico.

Como não tinha os decais originais, foi preciso garimpar outros a serem usados, escolhidos em minha “caixa de sobras”, tão importante nessa hora. Depois da aplicação dos mesmos, mais alguns retoques , como aplicação de pó de grafite como fuligem dos escapamentos e próximo aos canos das metralhadoras. Para selar, apliquei uma mão de “Future” em todo o modelo, em seguida, retirei o mascaramento que protegiam as partes transparentes, dando por terminado todo o trabalho .

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